19 de out. de 2010

No PSDB é tudo entre amigos, sempre

Por Na Maria

Veja como o mundo é pequeno, mas a ciranda o inverso.

Sérgio Kobayashi, tio de Victor Kobayashi, citado no texto anterior, tem uma vida bastante dinâmica nos governos do PSDB de SP, desde o século passado.

Ele trabalhou na campanha eleitoral de Mário Covas para a presidência, em 1989, e para o governo do estado - 1990, 1994 e 1998. Foi assessor do Covas em sua gestão, um secretário pessoal.

Sérgio Kobayashi foi diretor da Imprensa Oficial do Estado na gestão de Franco Montoro. Depois foi
presidente da mesma instituição nos governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin.

Atuante como o quê, não poderia ter deixado de passar pela Educação do Estado de São Paulo: ele foi diretor-executivo da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, a famosa FDE. Mas lá pelas tantas deu um problemão na antiga FEBEM e ele vai ser diretor daquilo, para tentar apagar os incêndios. Resolvida a parada, ele quis voltar à FDE, mas foi impossível. Gabriel Chalita havia nomeado o diretor técnico Tirone Francisco Chadad Lanix em seu lugar - daí a profunda admiração que Kobayashi, entre outros do PSDB, tipo José Serra, sente por Chalita. No Diário Oficial estava (e está) Hubert Alquéres, que o substituiu, em 2003. Como ficaria o Sérgio, então?

Oras, em dezembro de 2004, após ter trabalhado na campanha de Serra, este, já prefeito, o nomeia Secretário de Comunicação do Município para promover um sistema mais democrático e eficiente na veiculação de informação para a população. Ele zarpa do cargo exatos 14 meses depois. Motivo? Repare no imbróglio:

... deixou na gaveta a primeira mácula da administração Serra: no exercício do cargo, Kobayashi contratou a empresa de uma antiga sócia, a jornalista Lu Fernandes, e destinou a ela uma gorda fatia dos R$ 30 milhões anuais que sua caneta poderosa controlava.

Lu Fernandes é jornalista de prestígio em São Paulo. Na juventude, militou no Partido Comunista quando a legenda sobrevivia na clandestinidade. Em 1991, abriu o Escritório de Comunicação. É uma empresa de assessoria de imprensa. Há 15 anos, figura entre as maiores do ramo.

Escritório de Comunicação não é a única pessoa jurídica da qual Lu Fernandes detém cotas. Ela também é sócia da Editora Barcarolla. Criada em novembro de 2003, a Barcarolla só saiu do papel efetivamente em março do ano seguinte, mês em que a firma admitiu um novo sócio, justamente Sérgio Kobayashi — cujo prestígio no meio editorial é reconhecido desde quando presidiu a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo nas gestões tucanas de Mário Covas e Geraldo Alckmin.

Cobertor
Em duas oportunidades ao longo de 2005, em maio e em dezembro, a assinatura de Kobayashi chancelou a contratação do Escritório de Comunicação pelas secretarias municipais de Serviços (subprefeitura da Sé, a principal da capital) e de Transportes. Nesta, a empresa atua junto à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e junto à SPTrans — estatal entregue pelo prefeito Serra ao PPS, legenda sucessora do antigo partidão no qual Lu Fernandes militou.

Neste tipo de negócio, detalhes sobre valores são relativamente escondidos. Não há registro de um único centavo saindo do tesouro municipal em direção ao caixa do Escritório de Comunicação. Porque ele é subcontratado pelas agências de publicidade que atendem aos órgãos da prefeitura — Agnelo Pacheco Comunicação no caso da subprefeitura da Sé e Rino Publicidade na área de transportes.

Contatada pela reportagem, a própria Lu Fernandes informou que os dois contratos lhe rendem R$ 112 mil mensais, ou R$ 1,3 milhão por ano — equivalente a 4% do orçamento da prefeitura para a área de publicidade, o que não é pouca coisa. Ela, entretanto, rechaça qualquer menção a tráfico de influência. “Eu fiz todas as campanhas do Serra, sou amiga dele, estranho seria se eu não fizesse nada com o Serra", argumenta. "Além do mais, o Sérgio Kobayashi não era mais sócio da Barcarolla quando me contratou, passou só quatro meses na empresa."


(
Continue lendo, que o buraco é mais profundo. Depois leia isto também.)

Quando secretário de comunicação no governo Serra na prefeitura de SP, Kobayashi contratou o Instituto UNIMEP por R$ 1,5 milhão, a cujo presidente chamava de "meu amigo", desde quando estava na FDE. Essa ONG é formada pelo ex-reitor da Unicamp Carlos Vogt, atual secretário estadual de Ensino Superior no governo Serra. De 2001 a 2006 essa entidade firmou diversos contratos sem licitação com o Governo do Estado de SP, no valor total de R$ 90 milhões de reais. (Vide CASO UNIEMP)

Ele tem ONG (OSCIP) própria – o Instituto Paulo Kobayashi (IPK) -, cuja inauguração teve a participação do então prefeito José Serra. Na IPK, o senhor Sérgio Kobayashi aparece como conselheiro consultivo, Victor Kobayashi foi seu fundador e presidente - vale a pena ver este vídeo em que ele aparece como candidato em 2008, é absolutamente pertinente. Esta ONG recebeu mais de R$ 400 mil do governo do Estado e da Prefeitura de SP nos últimos dois anos. Quer o vídeo institucional? Tem aqui.

O profissional Sérgio Kobayashi atualmente é "coordenador de infra-estrutura da campanha presidencial". Sérgio Kobayashi trabalha com o dinheiro da campanha de José Serra.


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