Por Adriano Diogo
Grandes impactos urbanísticos ocorrem diariamente nesta cidade. Embora importante e necessária, a obra do monotrilho representa um impacto gigantesco para a população. Ficamos meses e meses – quase anos – discutindo que não deveria ser monotrilho e sim Metrô.
Exaurimos os argumentos, mas não convencemos o governo do Estado que a diferença de custo seria ínfima, para um modal que nasceria totalmente saturado, vista as carências da região.
Estamos diante da reclamação unânime da população diante o corte de 185 árvores da antiga fábrica das Linhas Corrente, no Jardim Independência e, o pior: diante do relatório enviado pelo Metrô para compensação ambiental, assinado pelo Sr. Paulo Sergio Amalfi Meca.
O sentimento é de perda irreparável e a população está indignada. No Parque São Lucas houve uma grande mobilização. Outra corrente defendia a conservação das dependências do antigo clube da fábrica inglesa, com campo de futebol gramado, piscina e salão social. A onda pelo verde na região tem fortes razões. O São Lucas tem irrisórios 2,87 m² de área verde por habitante (a ONU recomenda o mínimo de 12m²/habitante).
Quanto à compensação ambiental, é uma vergonha. Segundo relatório do Metrô, haverá o plantio de 341 mudas de 7 cm de diâmetro na área interna e 852 mudas idênticas, para a área externa. Haverá, também, o plantio de mudas ou obras de requalificação referente a 576 mudas de três cm de diâmetro, incluindo, ainda, a conversão de 2.398 mudas em obras e serviços no entorno. Compensação vergonhosa, mal descrita e pífia.
Por outro lado, o impacto – tanto do corte de árvores, onde será a futura estação, como ao longo da avenida – será gigantesco. Devemos entender que os impactos desses empreendimentos não são mitigados por ações sociais, nem econômicas, nem de convivência.
Do ponto de vista do trânsito, o corredor Anhaia Melo é o campeão dos congestionamentos. Quem precisa utilizá-lo, morre de desespero. Este impacto é calculado? Foram feitas rotas alternativas para diminuir tais congestionamentos?
O Círculo de Trabalhadores Cristãos de Vila Prudente solicitou ao Metrô um canteiro abandonado pela linha verde do Metrô para criar um pequeno centro esportivo... Até hoje, anos depois, a resposta não veio. Várias comunidades reivindicam a criação de pequenos parques, como o da Fazenda da Juta, como compensação das áreas do Metrô. Novamente, sem resposta... O maior silêncio.
Conviveremos com a obra do monotrilho por mais de cinco anos. Quais os impactos e suas consequências? Quais modificações ocorrerão na vida das pessoas para o monotrilho chegar até a Cidade Tiradentes? E, quando a população acessar esse meio de transporte, quem vai conseguir embarcar no caminho? Perguntas e mais perguntas... Sem respostas.
* Publicado na Folha da Vila Prudente 23/09/11
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