A Praça das Flores Alfredo Di Cunto, na Mooca, pode acabar de um momento para o outro. Isto por que a praça é uma das vinte áreas que o prefeito Gilberto Kassab pretende ceder às construtoras em troca da construção de creches. Assim como a população da Mooca, estou igualmente indignado com a decisão do prefeito.
A Mooca é um bairro-foco das construtoras e, também, uma reconhecida ilha de calor da cidade devido à carência de áreas verdes e permeáveis. Acabar com este espaço é, mais uma vez, abrir mão do verde em prol do concreto.
Leia Também:
A Praça Di Cunto precisa ser preservada
Muito mais do que filho da Mooca, tenho uma relação de carinho com a Praça das Flores Alfredo Di Cunto. O espaço em questão era uma área depreciada, quase um depósito de entulho. Na época que eu era Secretário do Verde e do Meio Ambiente, no governo Marta Suplicy, transformamos aquele espaço abandonado em uma praça, com projeto de cunho social e educativo.
Na praça formou-se uma horta comunitária, onde a população mais carente podia aprender sobre plantio e comercializar as colheitas. Na época, Hans Dieter Temp coordenou o Programa de Agricultura Urbana de São Paulo, implantada pela Secretaria do Verde.
E a praça transformou-se na primeira horta urbana do programa que, além de combater a fome e ser veículo para a inclusão social, funciona como estratégia de recuperação ambiental de terrenos vazios.
E, além da importância da preservação do espaço, no âmbito ecológico, esta primeira horta tem, para mim, outro aspecto, igualmente importante: o aspecto sentimental. Batizamos a praça com o nome de Alfredo Di Cunto, em homenagem à família que chegou ao Brasil e que, com muito trabalho e determinação, Donato Di Cunto fundou, na rua Visconde de Parnaíba, em São Paulo, uma das primeiras padarias da cidade. Eram anos que antecediam a Proclamação da Republica...
Anos depois, em 1935, os irmãos Di Cunto: Vicente, Lorenzo, Roberto e Alfredo (filhos de Donato, já falecido na ocasião) reacenderam o forno, iniciando-se, assim, na atividade de padeiros, sendo uma das padarias, localizadas na Mooca.
Daí que, acabar com a praça é, também, deixar de prestar a homenagem a esta importante família de imigrantes, que é um marco da Mooca.
Cabe à Prefeitura de São Paulo, conquistar novas áreas verdes para a cidade e não destruí-las e leiloá-las para empreiteiras...
Nenhum comentário:
Postar um comentário