13 de jan. de 2011

Tucanos rasgam a fantasia antes do Carnaval

Começa mal o governo Geraldo Alckmin (PSDB). Poucos dias após a posse, o governador de São Paulo já propõe que a presidenta Dilma Rousseff assuma a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), terceira maior geradora de eletricidade do País. Com a desculpa de “reestatização” federal, como é chamada a proposta, Alckmin articula a venda da Cesp para Furnas, empresa do sistema Eletrobrás, a estatal federal do setor elétrico.

“Reestatizar” é apenas a soma de um belo discurso com um nome elegante. Termo utilizado para escamotear a privatização da estatal, Alkmin idealiza repetir a fórmula do seu antecessor José Serra, que em 2008 vendeu a Nossa Caixa para o Banco do Brasil por 5,4 bilhões de reais. Com a venda da Cesp, a expectativa do governo Alkmin é obter 6 bilhões de reais.

Atualmente, a estatal paulista possui uma dívida de 4,72 bilhões de reais e um lucro de 162,4 milhões. Defasada e saturada, a Cesp é uma empresa abandonada pelo poder público. Há muito tempo os tucanos tentam livrar-se da estatal e esta é quarta tentativa de privatizar a Cesp. A primeira foi em 2000, na gestão de Mário Covas; depois em 2001, com o próprio Alckmin e em 2008, com José Serra. Todas as tentativas foram frustradas.

José Aníbal, titular da pasta de Energia de Alckmin, afirmou à imprensa que o setor elétrico de São Paulo é complexo e conta com várias alternativas de negociação: leilão total, parcial e a adoção de parcerias com empresas públicas federais ou privadas. Cabe ressaltar que o governador e o secretário de Energia faltam com a verdade quando alegam que a venda está atrelada ao aumento do orçamento estadual. Bastante substancial, o orçamento já foi aprovado na Assembleia.

Para piorar, à frente das negociações da Cesp está Mauro Arce, presidente da estatal. Arce já havia exercido a mesma função durante o governo Covas no Estado (1995 a 2001). Ainda mais agravante é que Arce foi secretário de Transportes na época em que o engenheiro Paulo Preto era diretor da Dersa. Ou melhor, Arce era “o chefe” de Paulo Preto, que foi apontado como o “homem-bomba tucano” durante as eleições presidenciais de 2010. Para quem não se lembra, Paulo Preto foi acusado de sumir com 4 milhões de reais da campanha de José Serra.

Comprar a Cesp é um barco furado para o governo Dilma, uma verdadeira “armação”. A Cesp não vale o que os tucanos pedem e o dinheiro certamente não reverterá em benefício do povo paulista. E, certamente, diante da negativa do governo federal, os tucanos e seus aliados vão culpabilizar Dilma Rousseff. Como de praxe, vão reforçar que foram “obrigados” a privatizar e que o Governo Federal é o culpado pelo desemprego de centenas de brasileiros e pelo aumento das tarifas... Esta é a velha e conhecida postura tucana de governar. Diante da tentativa de “armação”, “cama de gato” ou qualquer outra nomeação que se queira dar ao golpe tucano, reforço que a bancada petista da Assembleia Legislativa se oporá. Os deputados eleitos pelo povo são contra este primeiro golpe da gestão Alkmin.

*Adriano Diogo é Deputado Estadual e geólogo, e trabalhou no na construção da Barragem da Ilha Solteira pelo DAEE em 1974/75
**Com informações de Bruno Huberman da Carta Capital
*** Publicado na Folha da Vila Prudente do dia 14/01/2011

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